agosto 17, 2006

S & A

Eu, sabendo que te amo,
E como as coisas do amor são difíceis,
Preparo em silêncio a mesa
do jogo, estendo as peças
sobre o tabuleiro, disponho os lugares
necessários para que tudo
comece: as cadeiras
uma em frente da outra, embora saiba
que as mãos não se podem tocar,
e que para além das dificuldades,
hesitações, recuos
ou avanços possíveis, só os olhos
transportam, talvez uma hipótese
de entendimento.É então que chegas,
e como se um vento do norte
entrasse por uma janela aberta,
o jogo inteiro voa pelos ares,
o frio enche-te os olhos de lágrimas,
e empurras-me para dentro, onde
o fogo consome o que resta
do nosso quebra-cabeças.

Nuno Júdice


6 Comments:

Blogger Maria said...

Juro que ao ler o que dizem um ao outro sinto-me um voyeur. É como se estivesse a escutar atrás da porta, a ler a vossa correspondência... Mas não consigo deixa de escutar nem de ler.

um beijo da Maria

18/8/06 00:38  
Blogger Doces Momentos said...

agradeço a visita e o carinho.
Gostei do que li

18/8/06 01:37  
Blogger José Leite said...

A classe do costume. O prazer elevado ao máximo expoente. O pudor entre parêntesis!!! Um delírio... mas com perfeccionismo literário.

18/8/06 08:38  
Blogger bound[PL] said...

Devemos sempre ter a coragem para fazer o que queremos, infelizmente nem sempre é assim...
Gostei mto da escolha!;)

beijos!*

18/8/06 15:57  
Anonymous Anónimo said...

O momento da chegada é o mais importante agora =)

Mel

18/8/06 16:58  
Blogger Marco Magalhães said...

Delicioso como sempre Cris

18/8/06 22:11  

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