julho 16, 2006

D

Não esperava o teu telefonema. Podia até dizer que quase te esqueci.
Passaram uns anos desde que te vi pela última vez.
Reapareces na minha vida com as palavras doces de antigamente
(será que foi delas que fugi?).
Fazes mil perguntas, queres saber tudo.
Escuto a tua voz ávida por novidades.

Sempre tivémos tanto em comum. Teríamos sido bons amigos. Ou talvez não.
Naquele tempo não era amizade que procurava.
Apenas sexo com alguém que por acaso respeitava.
Admiravamo-nos mutuamente, profissionalmente. Eu chamava-te Dr. quando te queria aborrecer (nunca me enganaste, adoras ver o canudo reconhecido) e tu fingias-te incomodado.
Os teus utentes tinham cura... os meus tinham algum tempo...
Fazias-me sentir tão importante. Talvez tenhas sido mais importante na minha vida, do que eu pensava, até este telefonema...

Sabes muito a meu respeito. Mas aconteceram tantas coisas entretanto e nem sei se tas quero contar... Sempre tive a sensação que me analisavas, que tentavas até interpretar os sonhos doidos que tinha e te contava. Desnudavas-me com jogos de palavras e isso incomodava-me. Nunca gostei de psicólogos. Mas tu insistias que ali eras apenas tu, e eu queria acreditar.

Lembras-te daquele dia? Passeávamos em Belém debaixo de um calor abismal. Fomos até à tua casa de Algés "porque tinha ar condicionado". Será que fomos por isso? Sabemos que não.
Mal entrámos esquecemos canudos, boas maneiras, qualquer resquício de bom senso. Etiquetas da treta ficaram do lado de fora.
Beijaste-me antes que a porta se fechasse. Levantaste-me o vestido e senti as tuas mãos nas minhas coxas enquanto te tirava a camisa. Pegaste-me ao colo e fomos para o quarto. Fizemos amor (sei que te ofendes se lhe chamar sexo) que nem uns loucos. Não te conhecia esse lado lascivo e desenfreado. Mas estragaste tudo quando me abraçaste no fim com aquele olhar pateta de quem queria mais... De quem me queria a mim.

Fugi de ti. Não respondi a mails, não atendi o telefone. Até hoje. E foi tão bom ouvir-te...

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

tu queres matar-me..com o calor que está...xiça :))Nem o ar condicionado de Algés me refrescou..lol

O efeito que um só telefonema pode fazer..são as maravilhas da tecnologia :))

Agora a sério, um post fantástico :)

Beijo HUmido

17/7/06 02:40  
Blogger Gerentes said...

E agora, vais fugir outra vez?
Beijos
Ana e Jorge

17/7/06 08:09  
Blogger JPS said...

Ás vezes apetece mesmo é sexo. Mesmo com quem se ama...

17/7/06 09:09  
Blogger o alquimista said...

Será que vale a pena fugir da paixão??? é o mesmo que fugir de ti mesma...

Beijo

17/7/06 11:31  
Blogger Dani said...

Quererias fugir? Ou fugiste por medo de ficar? Talvez nada disso. Ou talvez agora te apetecesse ficar.

Beijos

17/7/06 11:39  
Blogger Criador_Sonhos said...

Sexo e Amor...

Duas palavras em que em ambas somos objectos, somos prazer, somos amantes e desejo...

Como já disserama i, mesmo com quem amamos, se faz sexo...

Amor, mais intenso e em que nos entregamos mais e sem receios e medos...

Sexo, conhecido por algo menos intenso, muitas vezes de ocasião.
Ligado a loucuras e momentos de desejo incontrolável...

pergunto-te o mesmo que já perguntaram...

Vais fugir de novo?

Soube-te bem de novo ouvir a voz que outrora tu fugiste...

Um beijo e segue o teu interior...

17/7/06 13:42  
Anonymous Anónimo said...

... Certos momentos não devem ser mais do que isso, por muito bons que sejam. Corremos o risco de estragar tudo...

17/7/06 14:06  
Blogger Paixão said...

e depois dizem que nós é que não sabemos separar o sexo do amor!

Beijo ;)

17/7/06 15:20  
Anonymous Anónimo said...

Os reencontros de amantes afastados sem motivo são sempre intensos. Foge-se querendo ficar, mas não dessa forma construtiva de relação eufemisticamente estável.
O Sexo ou o Amor que se faz é relativo à forma como se sente o que se faz. Se derretermos as emoções um no outro, é amor feito. Se nos derretemos em cima um do outro, é sexo feito. Sorrio.
Gostei do texto.

Beijo

Jorge

18/7/06 11:14  

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